quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Teoria do caos

Por André Caixeta Colen

Ele esta na fila do supermercado
Ela não suporta fila, tudo travado
Ele está sozinho na procura de Yakult
Ela detesta leite e tomava vermute
Ele querendo vida tranqüila, família, casamento
Ela curtindo solitude, bagunça, vivia de momento
Ele busca mulher confiante, independente, racional
Ela vivendo de mesada, inconstante, só emocional
Tudo é avesso, ao contrário
Nada se encontrava. Tudo solitário
Ela queria aproveitar tudo, viajar, se conhecer
Ele querendo sossegar, namorar, conviver
Ela buscava novas experiências
Ele buscando a troca de confidências
Ela ansiava por noites ímpares, diversão, descompromisso
Ele desejando noites de amor, risos íntimos, nada postiço
Ela procurava poesia simples, livre e sem regra
Ele pescando palavras, rimando, mesmo que sem métrica
Nada batia, muito de pouco, descompasso
Coisa esquisita, deslocada, sem laço
Ela queria comprar presunto na padaria
Ele estava sem manteiga, quem diria!?
Ela pegou o envelope de presunto e se virou
Ele pegou na prateleira a manteiga e a notou
Ela arrumava o cabelo, pensava na saída
Ele com mãos tremendo, manteiga caída
Ela pega a manteiga sente ele a olhar
Ele solta um sorriso, o mundo para de girar
Coração acelerado, perna bamba, suor na testa
Olhar parado, boca sem palavras, alma em festa
Ele se apaixona, fala de amor, se encanta
Ela se esquece do ímpar, só há par, se acalanta
Ele a pega pela mão, juntos, numa direção
Ela ao seu lado, não há mais dois mundos, só união
Ele trabalha, sonha, planeja o distante futuro
Ela estuda, também devaneia mesmo tudo ainda obscuro
Ele é afoito, quer rapidez, tudo urge
Ela tem seu tempo, seu momento, explosão surge
Tudo é novo, tudo é carinho, tudo é paixão
Muito de tudo é nada. É repressão
Ela foi se cansando, já não conseguia mais
Ele estático, a esperá-la no cais
Ela se afastou, gostava, mas temia
Ele a procurando. Tinha coragem, perseverava
Ela não tinha mais paciência
Ele não se atinava para iminência
Ela foi franca, terminou
Ele foi fraco, se irritou
Agora era solitário, era mágoa, era dor
Muito caos, pouco espaço, sem furor
Um momento, um detalhe. A vida acontece
As coisas mudam. Tudo nasce, cresce e fenece
Ele se recompôs e seguiu no que queria
Ela tocou o barco, fez da vida alegria
Ele rebrotou felicidade, contentamento e seguiu
Ela saiu pelo mundo, conheceu gente, se viu
Ele reencontrou o amor, parceria, companheira
Ela também amou, cresceu, mulher faceira
Ele teve filhos, carro, casa e família
Ela também, ao seu tempo, sua magia
É preciso a explosão para que haja nascimento
É preciso maturidade e, assim, crescimento
Com o tempo passa a dor, se esquece
Se houve respeito, a amizade prevalece
A vida continua, para todos, sem exceção
No misterioso movimento dos que foram e dos que virão
Teoria do caos, um detalhe, tudo se altera
Duas vidas, muita história, e algumas quimeras.

Um comentário:

  1. Buscamos a estabilidade, mas somos humanamente instáveis... Pequenos detalhes podem mudar toda nossa trajetória que é repleta de encontros e desencontros. Quando estamos prestes a chorar, há sempre um acontecimento que nos faça dar boas gargalhadas. Bjoss!

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