quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Menininha

André Caixeta Colen

Teu sorriso fácil
Aquele jeitinho de moleca
Chega de fininho
Como quem não quer nada

Às vezes esbraveja
Diz que sou bobo
Franze a cara em reprovação
Aponta o dedinho e diz:
“Não pode Dedé!”

Esta menininha que amo tanto
Que corre tanto
Pede-me abraço
Mas é ela quem me dá tanto carinho.

Ela quer sempre subir na cama
Olha com cara de pidona e diz:
“Tira meu sapatinho Dedé!?”
Pula enlouquecida, divertindo-se

Divirto-me com ela
A vejo descobrir o mundo
Faz-me redescobri-lo
Renova-me o gosto pela vida.

Ah Menininha!
Amo-te tanto
Adoro tua risada
Teu jeitinho arisco

Ela pede:
“Brinca comigo Dedé!?”
Digo: “Agora não posso!”
Ela me abraça
Passa mão pelo meu cabelo
Olha fixamente os meus olhos e diz:
“Brinca comigo Dedé!?”
Cedo, sempre e mais uma vez.

Ah Menininha!
O que falar
O que expressar
Ah teus olhos!
Teu Olhar!

Aqueles olhos inocentes
Teu olhar escancarado
Devassa, despe, despedaça
Derrete o mais frio dos corações

Te amo Menininha!
Mesmo que em português errado
Você não liga para isso.
Você só liga para o que sou.
Eu só ligo para o que você é:
“A Menininha que amo tanto!”

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Coisas de mineiro

André Caixeta Colen

Oncetá, eu num tô
Queria ocê cumigu
Mas cê tá longe,
Num tá pertim
Queria tê vião
Carro, ons e violão
Daí, te vê agora!!!
Danado sô!

Proncovô desse jeito?
Continuá nesta doideira?
Amalucá de veiz e te buscá?
Sem cê dexá, num vô
Mas eu queria. Viu, sô!?

Esse trem danado
Quinem bichim de pé
Coçando nucoração
Esse negóço me dexa zucrinado
E me pergunto:
Oncotô!? Num sei!

Me perco em Belzontch
Me sumo em meio aos ons.
Em meio a outros trens doidos
Mas um dia a gentch se vê
Entoces, talvez, tudo fica baum.

Sonhos, miragens, realidade

André Caixeta Colen

A luz do dia irradia
Da janela do escritório, cenário
Perco-me em devaneios
A cidade apresenta teus prédios
Carros que se enfileiram, barulho
Nesta sala, emprego.
Lá, distante, desejo.

Pessoas trafegam
Pessoas se perdem
Gente se acha
Amores se desamam
Solitários se encontram
Enlou-crescem

Neste tumulto da cidade
Fecho os olhos
Procuro uma brisa
Só encontro ar-condicionado
Busco o gosto de sal
Só acho bala halls
Quero passeio, carinhos na praça
Só vejo a tela ativa do computador

Busco tua pele morena
Só acho mesa, livros
Procuro tua mão
Sinto apenas papel, caneta e solidão
Quero tua boca
E esta sala teima em me querer

A luz do dia irradia
Esquenta, ferve minh’alma
Sumirei desta sala
Fugirei da selva louca
Buscarei o sol

Evaporo-me em devaneios
Serei brisa
Levarei o sal do meu beijo
Acariciarei tua pele, tua mão
E deixarei meu sal na tua boca.

sábado, 9 de outubro de 2010

Estradas

André Caixeta Colen

Em doses enlouquecidas
A vida acelerada ao destino
Nos arremessa.
Muitas vezes nos leva
Ao caos,
Outras, ao vício, à virtude,
A mentiras, escondidas em verdades,
Teimando em acontecer.
Turbulências amedrontadas pelo cotidiano,
A simplicidade complexa da vida,
Teimo em viver.
Aconteço-me ao passo longo da estrada.
Não raro, sei:a jornada mais longa é a distância
Entre duas pessoas.
Entre mim e ti.
Mas lanço-me à vida e
ela a mim.
É nesta ensandecida montanha,
Nem russa, nem polaca, mas das minhas, gerais
Fico à beira da preamar das alterosas
Jogando pedras ao oceano.
Espero delas; ilha.
Da ilha meu castelo,
Do castelo, meu quarto
Do meu quarto, minha cama.
E ao quedar inerte o sol,
sob o manto azul das águas.
Ao subir, esplandecente, a lua
Que uivante perturba a libido dos amantes,
Deitarei-me sobre seu corpo
Numa noite de amor enloquecido
Conhecerei teus seios
tuas curvas
tua geografia.
A lua e o sol
Mas ao amanhecer em fuga do destino,
Partirei, sentindo na alma
O prazer
E a dor
De viver

Contemplação

André Caixeta Colen e Claudia R. Silva

Brisa leve
Sol se pondo
Arvores em copa se abrem
Pássaros voltando ao ninho
O céu, festivo de cores,
Derrama-se em escarlate

Do alto da montanha
O silêncio me eleva
A visão tudo alcança
O mundo desnuda-se
Glorioso, dia da criação

Fecho então os olhos
A quietude é dominante
Sou criatura
sou alfa, sou ômega
sou nada, sou tudo
Ergo os braços
e é meu espírito
que toca o firmamento

Cantiga por Caroline

André Caixeta Colen

Controle é algo que repudio
Amor é aquilo que desejo
Raiva não compreende compaixão
Ódio é o avesso do que anseio
Lábios desejosos numa noite quente
Iguais em um só momento
Nada além de nós
Esperança de amor real

De improviso

André Caixeta Colen

De amar-te meu pensamento anda perdido,
meu coração descompassa ao som da chuva.
Sigo, tonto, procurando, tateando a terra vermelha,
sinto o cheiro da relva molhada pela madrugada,
lembro-me dos beijos suaves aveludados.

Não controlo mais minha lucidez.
Entreguei-me de vez à incoerência dos apaixonados,
não busco mais a razão e a sensatez.
Apenas me digno a lembrar de nossas estórias,
dos momentos felizes que jazem em túmulo mármore.

Amor como este, paixão como esta,
só a loucura pode compreender
e, talvez, por ser loucura, a tenha em boa conta.
Mas não me conto com nada, apenas há lembrança de dias felizes.
Outros; por certo, virão!!!!
mas loucos e apaixonados como aqueles, JAMAIS.

Inicial

André Caixeta Colen

EXMOS. SRS. DRS. INTERESSADOS.
este, que não é escritor,
por meio desta parca escrita,
procurador de sonhos, há muito não mais sonhados,
vem, humildemente, relatar e propor,
com base nos fatos e fundamentos abaixo, queda inscrita.


Inicialmente, cabe opor nesta ocasião,
tamanha falta de preparo e cuidado das pessoas
que na falta vazia de afazeres da vida, do nada se ocupam,
Fazem gastar palavras, gestos e olhares com inexatidão,
servindo-se dos túneis das fofocas donde ecoas
alardeando cousas que raramente importam.


Nestes vis tempos em que vivemos,
onde se passam tantas miserabilidades,
em que o Homem se sente mais claustro e isolado,
leva-se vida, mas não como queremos,
não deixemos que outros torçam nossas habilidades.
Habilidades, estas, da candura, amizade, amar e deixar ser amado.


Somos seres sociais.
Vivemos em comunidade.
A solidariedade é que nos singulariza.
Mas não devemos nunca nos rebaixar a reles animais,
pessoas de pequenez idoneidade.
Façamos e pensemos, sim, cousas boas, que nos particulariza.


Peço, senão muito, corações bons, venham e nos cerquem.
Não sejamos tomados como base para o deslinde de mentiras,
falsas impressões,
ideologias ultrapassadas.
Chego, sim, implorar nesta singela exordial, o que todos pedem:
as idéias verdadeiras donde retiras
caráter, que se não grande, ao menos de boas dimensões,
e posicionamentos de fato, devidamente elucubradas.


No bom "juridiquez", donde coisas são prementes,
ex positis, requer:
Seja deferido, aos homens, melhores corações.
Sejamos mais irmãos e menos incoerentes.
Sejamos, antes de tudo, aquilo que se quer ser,
mas sem ferir aqueles que discordam nossas convicções.


Pede-se ainda neste breve requerimento:
Cite-se Deus e a todos que quiserem contestar,
Dá-se à causa algo sem valor: amor, paz e esperança.
Peço e espero, pois, deferimento .
E sem mais a acrescentar vou agora datar.
Findo com protestos, mesmo piegas, de humanidade, justiça e perseverança!!!

Aglutinação

André Caixeta Colen

Saúde para caminhar, correr e amar.
Idade para não se pensar em idade, responsabilidade.
Saúde para fazer amor noite adentro.
Idade para saber que a hora certa de dizer “eu te amo” é a qualquer hora.
Saúde com sabor de sempre “quero mais”.
Idade para se iludir com juras de amor.
Saúde para agüentar as emoções da louca paixão.
Idade para não ser tão responsável e maduro diante das mazelas da vida.
Saúde para um coração forte ao se esfacelar.
Idade para ter a tranqüilidade de se esperar o tempo.
Saúde para escutar a canção e agüentar a dor no peito e o nó da garganta.
Idade para saber que nada na vida é como nos filmes.
Saúde para se viver bem.
Idade para lembrar e acumular a experiência que somente lhe serve e a mais ninguém.
Saúde para ir além, tomar das entranhas da terra o que de direito é seu.
Idade para saber que ao tomar, algo lhe será tirado e que tudo na vida tem um preço.
Saúde para tomar novo fôlego e mergulhar novamente em busca desafios e amores.
Idade para saber que não existe idade para o amor, nem para nada.
Saúde e idade.
Saúde idade.
Saúdidade.
Saudade.

Aos doze que não vingaram

André Caixeta Colen

Muito poderia ter sido dito.
Muito poderia ter sido feito.
Pouco teria carecido de retoques.
Nada seria mais gratificante.
Mas os doze não vingaram.

Não vingaram os doze beijos debaixo de chuva.
Não vingaram as doze promessas feitas.
Não vingaram as doze rosas dadas.

Muito haveria de ser dito.
Muito haveria de ser feito.
Pouco seria perdido pelo caminho.
Nada teria de ser deixado por fazer.
Mas os doze não vingaram.

Não vingaram as doze músicas que cantei para você.
Não vingaram os mais de doze planos que poderiam ter sido feitos.
Não vingaram as outras noites com doze garrafas de cerveja.

Muito agora é amorfo, cinza e estranho.
Muito se faz presente, a sua ausência.
Pouco foi minha capacidade para amá-la?
Nada, talvez, pudesse eu fazer para mudar a estória.
E os doze não vingaram.

Não vingaram as doze viagens por serem feitas.
Não vingaram os doze carinhos plantados.
Não vingaram os mais de doze desejos ansiados.

Muito há por se fazer.
Muito há o que se reavaliar.
Pouco há para se falar.
Nada há para arrepender.
E com o gosto amargo
de “nunca mais” na boca digo:
“os doze não vingaram!”

Casarão colonial

André Caixeta Colen

Abre a janela,
deixa a brisa entrar.
Aquela que renova a esperança.
Deixando tudo, simplesmente, bom.

Não dê as costas à paisagem,
sinta a cor bela do dia.
Prove da terra, do ar, do fogo que arde,
apenas sinta e seja.

Liberta-te de paradigmas,
enlouqueça simplesmente.
Seja o que quer ser,
mas — te peço — não fecha a janela.

Escancara-te para a vida,
deixe-a entrar e só ser.
Veja a paisagem que te convida,
sinta a vida que te invade.

Abre a janela,
olha para baixo.
Vê-me lá, dê-me teu sorriso.
A vida é simples como o abrir desta janela.

Últimas palavras para Urânia

André Caixeta Colen

Falta-me palavras para dizer o que sinto
Falta-me as lágrimas que se cansaram de correr pela face
Falta-me o perfume de sua presença
Ausenteia-se de mim, teus carinhos.
Esvazia-se de meu coração a vontade de continuar tentado amar
Cansa-me a possibilidade de alguém querer me amar
Sinto-me exaurido, derrotado, amargado em mim mesmo
Meus olhos vermelhos se negam ficar abertos
Prostro-me em meu quarto durante todo o dia
Rezando, ou melhor, implorando que a semana comece
Que o ritmo louco e inexorável do labor me tome o pensamento
E assim, minha cabeça seja furtada de pensar em você
Pensar no teu sorriso lindo
Nos seus longos cabelos negros
No seu olhar de monalisa
No carinho acolhedor de tuas mãos
Na voz macia e serena
Da sua perna a se sustentar sobre a minha
Do calor que emana de seu corpo
Enfim de parar de pensar que um dia foste minha mulher, amada e amiga
Mas como eu mesmo disse, certa vez, entre tantas mensagens, a você:
“Como te amo a deixo livre,
pois se sede minha, em união de amor,
retornaras sempre para meu coração, como as andorinhas à primavera.
Se não fores minha, ao menos poderei admirar o lindo vôo de tuas asas
e a linda graça de tua liberdade.
E, mesmo neste momento, poderei abrir um sorriso
e ao menos saber que durante uma primavera,
durante algum tempo, foste tu que pousavas em meu coração.”

Utopia

André Caixeta Colen

Quero amor de amar!
Ser amado!
Gostar, acarinhar,
chamegar.

Quero amor de beijos
nunca d’antes beijados.
Corpos suados de prazer,
abraços, suspiros e arrepios.

Quero amor sem limites,
barreiras, jogos.
Sem modos, de corpor sedentos.
Prazeirosos.

Quero amor arrebatador,
faminto,
lascivo,
Extrovertido e risonho.

Quero amor inteligente,
sarcástico, irônico.
Esperto.
Molejado como bossa nova.

Quero amor de música.
De jazz, blues, rock e reggae.
De MPB.
De bolero e tango.

Quero amor de olhares escancarados.
De dizeres silenciosos.
Beijos longos.
Amor de sons de Norah, Aretha e Ella.


Quero amor bom.
Gostoso.
Amor amoroso.
Bondoso e de muito escrúpulo.

Quero amor ético,
sem moralismos,
sem puritanismos,
sem "ismos".

Quero amor.
Simplesmente.
Tudo isso.
AMOR!

Saudade de você

André Caixeta Colen

Hoje fui arrebatado por uma saudade de você.
Como queria pegar o telefone e te ligar.
Saber como está,
saber o que te aborreceu,
e o que lhe alegrou durante o dia.
Sinto falta de nossas intimidades,
de nossas conversas sem necessidade,
dos momentos que eram só nossos.
Queria, no meu mais infinito desejo, dizer que a amo,
ouvir, em retorno, que me ama.
Sei que o amor por mim desejado é impossível.
Não a culpo por isso, nem me culpo.
Vivemos, e a vida é isso, mas sinto tua falta.
A saudade que me colheu hoje
foi daquelas de dar nó na garganta.
Saudade de teus braços, pernas, olhos, tudo.
Saudade de tuas mãos junto às minhas.
Saudade de teu sorriso tímido, mas delicioso.
Sinto sua falta, assim como a noite sente a ausência da lua.
Como a primavera sente a ausência das flores.
Como Charlitos sente a ausência do riso.
Se me perguntares o por quê, hoje, justo hoje,
senti tanto sua falta,
não poderia esconder,
nem, sequer, tripudiar a verdade que assombra meus pensamentos.
Senti, pois, sua falta por lhe amar,
senti, também e talvez, por saber que não me ama.
No fim de tudo, talvez,
a saudade, como o próprio escritor diz,
seja realmente não saber de quem se ama
de quem se gosta e se deseja estar junto.
O que me resta é esperar.
Esperar que saudade passe,
torne-se uma vaga lembrança do que fomos.
e do que poderíamos ter sido.
Contudo, enquanto não a esqueço,
a saudade vem aos arrebóis,
tomando-me com uma dorzinha chata,
alfinetando-me o coração
e enchendo os olhos de lágrimas.
Nesta saudade inundante
resta-me somente passar para o papel
minhas tristezas e dores.
Ninguém precisa ouvir ou culpar-se,
a VIDA simplesmente aconteceu.
Não há culpa por se deixar de amar
e tão pouco por amar outro alguém, eu acho.
Neste escrevinhamento de palavras soltas,
ridículas e sem sentido,
eu só queria dizer que hoje senti saudades suas.

Carpe Diem

André Caixeta Colen

Deixa-me tê-la neste olhar
num segundo eterno, congelado,
pense que o tempo está a parar.
Ponteiro gira, mas aleijado.

Não olhe, sequer, para o lado.
Não se perca em gestual gasto.
Não misture o pensamento petrificado.
Não busco amor romanciado, casto.

Não espere a vã fantasia.
O mundo é agora não amanhã.
Enche teu rosto de alegria.

Quero-na hoje, não depois.
Acorda comigo pela manhã.
E neste momento só há nós dois.

Querer

André Caixeta Colen

Queria poder passar a mão por tua face.
Queria poder abraçar-te com a força das marés.
Queria poder ver e sentir teu sorriso toda manhã, teu sorriso de Urânia.
Queria sentir teu corpo estremecer em silêncio tépido de gozo.
Queria ver nascer de nós a família ansiada.
Queria perpetuamente saciar-me em teus olhos
Queria acarinhar teus lindos cabelos negros que embelezam tua face.
Mas nesse tanto querer, nada pude.
Teu amor por mim morreu como morre a primavera,
secou como as folhas de outono,
por fim, gelou como o frio inverno.
E eu, só, na querência de te querer, perdi teu amor.
Quero, agora e tão somente, parar de sofrer em te querer.

Viver

André Caixeta Colen

Viver é se arriscar,
submeter-se , entregar-se
e, às vezes, teimar.

Viver é se apaixonar
amar
e, porquê não, sofrer.

Viver é eterno risco
de conviver, perdoar
e ser perdoado.

Viver é perseverar,
superar-se, enfrentar-se
e não — jamais — abaixar a cabeça.

Viver é nunca desistir,
é cair e se levantar,
é chorar, sorrir, cantar e trabalhar.

Viver é acertar,
mas, muito mais que isso,
é aprender com o erro.

Viver é isso,
aquilo
e muito mais.

Viver é eternamente aprender,
ensinar
compreender a diferença.

Viver é calar-se na hora certa,
falar somente o necessário
saber ouvir e respeitar.

VIVER É VERBO.

Aprendiz de sonetos

André Caixeta Colen

Em cantos de sorriso ela me disse,
nos mais belos sonhos se ilustrou.
No meu semblante deixei que ela visse
todo o meu amor e o coração desalinhou.

Pus-me, então, a buscar, a pensar,
refletir que tal situação repentina
outra cousa não era, senão, o apaixonar.
Debato-me, nego-me a esta paixão vespertina?

Ouso refutar o meu coração?
Sinto o arrepiar das minhas costas.
Meu pulsar descompassa, nega-se corcel.

Numa marcha inconstante de emoção.
Deixo-me em suas mãos, ora postas.
E espero de você, apenas, amor novel.

Minhas palavras para Urânia

André Caixeta Colen

Falta-me palavras para dizer o que sinto
Falta-me as lágrimas que se cansaram de correr pela face
Falta-me o perfume de sua presença
Ausenteia-se de mim, teus carinhos.
Esvazia-se de meu coração a vontade de continuar tentado amar
Cansa-me a possibilidade de alguém querer me amar
Sinto-me exaurido, derrotado, amargado em mim mesmo
Meus olhos vermelhos se negam ficar abertos
Prostro-me em meu quarto durante todo o dia
Rezando, ou melhor, implorando que a semana comece
Que o ritmo louco e inexorável do labor me tome o pensamento
E assim, minha cabeça seja furtada de pensar em você
Pensar no teu sorriso lindo
Nos seus longos cabelos negros
No seu olhar de monalisa
No carinho acolhedor de tuas mãos
Na voz macia e serena
Da sua perna a se sustentar sobre a minha
Do calor que emana de seu corpo
Enfim de parar de pensar que um dia foste minha mulher, amada e amiga
Mas como eu mesmo disse, certa vez, entre tantas mensagens, a você:
“Como te amo a deixo livre,
pois se sede minha, em união de amor,
retornaras sempre para meu coração, como as andorinhas à primavera.
Se não fores minha, ao menos poderei admirar o lindo vôo de tuas asas
e a linda graça de tua liberdade.
E, mesmo neste momento, poderei abrir um sorriso
e ao menos saber que durante uma primavera,
durante algum tempo, foste tu que pousavas em meu coração.”

Desabafo

André Caixeta Colen

Não procuro mais a dor que jaz em mim
não a acalento mais, não conto estórias para ela dormir
cansei dessa dor chata e morrinhenta.
Larguei-a de lado como uma criança que enjoa dum brinquedo
quero mais é abrir meu sorriso para as gentes,
mostrar que posso, sou e vou ser feliz, hoje e sempre.

Continuo a sonhar, batalhar pelo que quero,
o que não quero jogo fora.
Chega de guardar quinquilharias de estórias que se foram.
cacos de memórias que me atormentam noite afora.
Não procuro mais a dor que jaz mim
Eu sou o meu dono e o meu destino quem traça, sou eu.

Chega de pseudofatalismos, destino, maktub.
Chega dessa merda inventada para justificar o acaso.
Minha vida é minha, de mais ninguém.
E é por isso que digo:
“Não procuro mais a dor que jaz mim”
Não haverá o destino
eu faço agora minhas oportunidades.

Que venham as conseqüências de meus atos.
Viva a causa e o efeito.
Semearei tranqüilidade, paz e amizade
quem sabe assim eu colha novo amor, nova oportunidade
talvez renasça a esperança perdida, enfim.
Agora sou aquilo que quero ser
não o que os outros esperam que eu seja.

Não procuro mais a dor que em mim estava.
E como diria Snoopy em uma mensagem bestial de cartões Hallmark:
“As críticas não me abalam;
os elogios não me iludem,
sou o que sou não o que dizem!
Vivo o presente,
temo o futuro
e foda-se o passado.”

Chega!!!

André Caixeta Colen

Quero não me perder em insensatez!
Não quero me ouvir chorando.
Detesto rasgar meu peito desta forma,
amar-te me confunde.
Será o amor, isso?
Esta confusão me deteriora.
Amar é se acabar?
Então recuso-me a tal feito!
Amo-me muito mais,
não serei vítima de paixões.
Nego-me a esta dor!
Amar deve ser leve
sem pesos
sem receios
com carinhos,
com ternura,
com olhos de amor,
sem atropelos,
sem imediatismo.
Amo-te e quero-te,
mas se isso não te basta, a mim, muito menos.
Seja feliz, com quem te faça feliz.
É com grande dor no coração que lhe digo:
— PT SAUDAÇÕES!!!

Em busca do não sabido

André Caixeta Colen

E no olhar teu,
fito o dia esperançoso,
nasce me mim uma nova magia,
de tê-la no braço meu,
de vê-la no regozijo ardoroso,
que vem em torrentes de nostalgia.

Nostalgia, esta, do ainda não conhecido,
da boca não d'antes beijada,
do amor de esperanças de vê-la.
Mas vem a saudade do cheiro não sentido
da confissão ora enlaçada,
de tua voz que, juro, reconhecê-la.

Quero sussurrar em seu ouvido
palavras em sentimentos
olhares gritantes por um beijo.
O que peço é nada doído,
tão pouco capaz de arrependimentos,
esperar, pois, é o que me resta. E te desejo.

Quero sentir sua voz,
sentir teus lábios,
sentir seu toque de carinho.
E quando nós dois, sós,
sentir fluir a conversa, como fluem fontes e rios,
que buscam o mar em seu tortuoso caminho.

Amore

André Caixeta Colen

L'amico, non proscrive mai.
Meraviglioso se ritenere.
Odio convertito se.
Tagli in parti, una volta negato.
Promettente, sempre, per una seconda probabilità.

Para Urânia

André Caixeta Colen

Em teus olhos amendoados
vejo o universo
abre-se em mil semitons.
Sua face canta os lampejos mais álveos de alegria.
Sua tez ativa minha mente,
meu corpo
e meu desejo.
cabelos negros e pesados
refletindo tua personalidade leve e firme.
O olhar incógnito de Monalisa
desperta a imaginação.
Irrompe o desejo
profundo
embrenhar em teus pensamentos.

Quero conhecer-te cada vez mais,
num nível superiormente ao tão só carnal;
Quero conhecer-te mulher,
amante,
menina,
amiga;
Quero conhecer-te mãe de meus filhos;
Quero conhecer-te companheira da minha vida;

Em teu sorriso quero me embriagar,
adormecer sobre teus carinhos infindos
Em sua boca quero saciar-me
Com meus beijos saciar-te
e dar-te todos beijos imagináveis de uma vida

Comemorar,
alegrar-se,
irritar-se,
fazer as pazes,
brigar,
discutir,
Sobre e acima de tudo,
quero amar-te mulher,
amante,
menina,
amiga,
Quero-te mãe de meus filhos
companheira de minha vida.

Em meu ombro quero vê-la dormir,
quero vê-la acordar,
quero vê-la a sorrir
e também a consolar-te.

Se deixares-me te desbravar
como os exploradores em suas bandeiras
Se deixares-me vindicar teu coração como meu
Se deixares-me tomar posse de teu sorriso encantador,
de teu olhos universais,
de teu olhar encantado,
de tua cor ardente como o sol da tarde,
de teu cabelo perfumado,
e de tua alma superiormente bela
serei agora e sempre
pessoa de grande fortuna e alegria,
pois conheci a mulher,
a amante,
a menina,
a amiga,
pois conheci a mãe de meus filhos
companheira de minha vida.

Profano e sagrado

André Caixeta Colen

Entre o profano e o sagrado
nada há de sacro ou pecaminoso.
Entre este e aquele
se esconde o rastro da hipocrisia.
Na hipocrisia se transvestem
o espírito pútrido e corrompido.
Pois, no profano nasce o sagrado
e no que dantes era sagrado
jaz, sob a égide do escárnio,
o esquecimento.

Carta de saudade

André Caixeta Colen

Hoje fui arrebatado por uma saudade de você.
Como queria ligar para você.
Saber como está,
saber o que te aborreceu,
e o que lhe alegrou durante o dia.
Sinto falta de nossas intimidades,
de nossas conversas sem necessidade,
dos momentos que eram só nossos.
Queria, no meu mais infinito desejo, dizer que a amo,
ouvir, em retorno, que me ama.
Sei que ouvir de você o amor que tanto queria é impossível.
Não a culpo por isso, nem me culpo.
Vivemos, mas sinto tua falta.
A saudade que me colheu hoje
foi daquelas de dar nó na garganta.
Saudade de teus braços, pernas, olhos, tudo.
Saudade de tuas mãos junto às minhas.
Saudade de teu sorriso tímido, mas delicioso.
Sinto sua falta assim como a noite sente a ausência da lua.
Como a primavera sente a ausência das flores.
Como Charlitos sente a ausência do riso.
Se me perguntares o por quê, hoje, justo hoje,
senti tanto sua falta,
não poderia esconder,
nem, sequer, tripudiar a verdade que assombra meus pensamentos.
Senti, pois, sua falta, por lhe amar,
senti, também e talvez, por saber que não me ama.
Talvez a saudade, como o próprio escritor diz,
seja realmente não saber de quem se ama
de quem se gosta e se deseja estar junto.
O que me resta é esperar que esta saudade passe,
que se torne uma vaga lembrança do que fomos.
e do que poderíamos ter sido.
Contudo, enquanto não a esqueço,
A saudade vem aos arrebóis,
tomando-me com uma dorzinha chata,
alfinetando-me o coração
e enchendo-me os olhos de lágrimas.
Nesta saudade que me invade
resta-me somente passar para o papel
minhas saudades e minhas dores
ninguém é culpado por isso,
o que aconteceu foi a VIDA.
Você não é culpada por deixar de me amar
e tão pouco por amar outro alguém, eu acho.
Neste escrevinhamento de palavras soltas,
ridículas e sem sentido,
eu só queria dizer que hoje senti saudades suas.

Par perfeito

André Caixeta Colen

Meu par perfeito tem olhares de menina
a inteireza madura de mulher.
Um cheiro que não me sai do pensamento
Tem cabelos longos e claros.
possui mãos macias
carinhos infindos.
tem pernas lindas,
braços lindos,
olhos lindos,
boca linda,
toda linda.
Meu par perfeito me chama pelo nome
não gosta de meus apelidos.
Minha amada, me considera "achado".
Mal sabe ela que achei-me em seu amor.
Meu par perfeito é assim,
menina e mulher,
amante e amiga,
é namorada
é aquela que porta as armas
que só pregoam a paz.
Meu par perfeito,
imperfeita
e perfeita para mim.
Não precisa de nome
ela se sabe amada
Meu par perfeito me beija com carinho,
com querência,
com vontade.
Embriaga-me com seus afagos,
com amor.
Cansado,
trôpego,
feliz
digo: “Ela é meu par perfeito!”

Na hora marcada

André Caixeta Colen

Havia marcado com ela àquela hora.
A esperava ansioso, meus olhos mal piscavam.
O que falaria? Deveria falar?
O fim do dia se aproximava,
com ele também a expectativa de vê-la chegando.
Sabia que ela surgiria por detrás daquelas árvores.
Então pus me a fitar aquele espaço.
Para mim nada mais havia.
Então ela veio.
Surgiu devagar por dentre o bosque.
Estava alvea, era alvea.
As marcas do tempo por seu corpo eram nítidas
como marcas da própria idade.
Mas não retiravam dela sua beleza feminina.
Sua ardência amorosa.
Aquela ardência sempre procurada pelos seus amantes.
A idade era algo ínfimo, perto de tamanha beleza.
Ela continuava vindo.
Sua silhueta era nítida
como o corpo de uma odalisca por detrás dos sete véus.
Galgava passo a passo
aproximava-se de um êxtase inevitável.
A noite fria, era aquecida por sua presença.
A escuridão que se aproximava só não era maior
devido a sua presença irradiante.
Então por fim de seu desfile
no palco do cosmos ela se firmou.
E SE FEZ, FINALMENTE, LUA!

O que dizer!?

André Caixeta Colen

Queria falar palavras de amor
mas elas me escapam como o sol escapa da lua.
Diria que jamais vi olhos como os seus,
jamais tocarei lábios tão macios e doces como os seus
Todavia, as palavras me escapam.

Prefiro então o silêncio dos enamorados,
o olhar que tudo diz
o toque que berra,
que grita e inflama

Queria dizer-te que és superiormente bela,
que tua voz rouba meus pensamentos,
e só consigo o silêncio, nada mais.

Prefiro então descansar seu corpo sobre o meu
almejo teus cabelos em minhas mãos
tua face em meu peito
e nenhum desejo de solidão.

Amor Perdido

André Caixeta Colen

Pelas negras brisas naveguei,
nos beijos de loucura me perdi.
Pelas noites, a te buscar, vaguei
sem encontrar-te, amor, feneci.

Hei, como a Fênix, de ser.
Ressurgirei, assim, do meu pranto,
buscarei, dentro de mim, poder.
Novamente içarei meu canto.

Apesar das dores deste amor vilão
e de agora jazer meu sentimento.
Serei, ainda, fiel ao coração.

Amor este virulento.
Entregar-me-ei, não, ao vão.
E feliz seguirei ao vento.

Saudade

André Caixeta Colen

Saudade é uma palavra estranha.
Palavra que dói.
Palavra sentida.

Saudade não se explica
vê-se na face,
vê-se nos olhos em lágrimas.

A saudade se esconde no adeus tímido do silêncio.
Na separação dos amores que fenecem.
No vazio da ausência do ente querido.

Saudade é o que sinto ao escutar a música que me presenteaste.
É sentir a falta de teu carinho, sua risada, nossas conversas.
Vontade doida de simplesmente estar do seu lado.

Saudade é acreditar no milagre do reencontro.
Acreditar que apesar da dor do presente,
nada se eterniza e o futuro nos convida a viver novas experiências.

Saudade é querer você ao meu lado
e, simplesmente, sermos felizes,
apesar do mundo parecer confabular contra nós.

O objetivo final da saudade
é um dia vir a ser apenas lembrança,
uma esperança e um querer
no coração dos que amam.

Viver é amar

André Caixeta Colen

Aos que negam o amor
sobra-me apenas a pena.
Tristeza daquele que não se curva ao amor.

Pena d’alma que não treme as pernas
não perde o ar,
não sente o descompassar do coração.

Viver e não amar
em nada se qualifica em viver.
Sem amor não há vida.
Há pedra fria e inerte.

Para se amar não se precisa sofrer.
Mas se sofrer, pelo menos terá vivido, pois terá amado.
Amado o amor de carinhos apaixonados,
de juras eternas.

Se amar, logo, viverá.
Não há arrependimentos.
Pode haver dor, mas esta se alivia no tempo.

Amores vêm e vão.
Amores ficam.
Amores jazem.
Amores marcam.
Amores nos vivem.

Repetindo-se e repetindo-se

André Caixeta Colen

E assim como nossos pais...
Ontem,
hoje e sempre,
o amor
renova-se
inova e
cresce forte.
Como a semente
que brota na terra.

Relacionamentos

André Caixeta Colen

Aprendi a não confiar só num rostinho bonito,
nem palavras doces...
Aprendi que a verdade vem dos olhos,
das ações...
Palavras são erros,
como diria Renato Russo...
Aprendi que o coração tem uma "memória recente" frágil...
O que é bom!
Pois nos possibilita sermos capazes
de paixões arrebatadoras,
sempre e mais uma vez...
Aprendi que nem sempre a melhor transa
é a melhor mulher...
Aprendi que para dar valor a quem se ama,
primeiro você tem de se dar muito mais valor...
Aprendi que,
apesar de ter me esborrachado no solo
por amores pífios,
estarei sempre disposto a pular para o abismo da paixão...
Se neste salto,
mesmo que por pouco tempo,
for feliz,
terá valido a pena...
Aprendi que poderá chegar a hora correta,
e no fundo deste abismo
haverá alguém para me aparar e
acompanhar-me pela vida afora...
Somos seres que têm o direito,
a obrigação de buscar a felicidade...
Mesmo que efêmera...
Mesmo que, ao final, doa...
Aprendi que devemos nos arrepender,
não do que fizemos,
sim do que deixamos de fazer,
por medo, insegurança, ciúmes e avareza...
Aprendi que amar é uma luta constante
contra o tédio, rotina e pequenos defeitos...
Aprendi que em relação a amar,
na verdade,
serei sempre um mero amador,
e por mais que a experiência e a maturidade venham,
serei sempre
MARAVILHOSAMENTE
escravo do elo que nos liga
a todos à felicidade
O AMOR.

Perturbador

André Caixeta Colen

Perfume é o seu.
Espero aquele beijo.
Retire-me as dúvidas.
Tranca-me no teu coração.
Usa-me como forma de amor.
Rechaça, turba, perturba a dor e a expurga.
Baluarte de minh'alma.
Ama-me, pois amar-te-ei.
Dá-me teu coração.
Ouço perto sua voz.
Rasga meu peito com seus beijos!

Canto de Juliana

André Caixeta Colen

Tua boca é como o raio de luz na escuridão.
És como o canal de toda a felicidade.
Tua boca é o mel que esperei na vida.
Ilumina-me com teus lábios.
Delicia-me com teu toque.
Ahhh! Tua boca!!!
És o pecado no qual quero arder
O doce no qual quero lambuzar-me
Em teu sorriso quero me perder
e na tua boca quero me achar.

Mais um trago de você

André Caixeta Colen

Quero tragar seu cheiro
Beber teus líquidos lábios.
Encharcar-me de tuas carícias e de tua língua.
Viciar-me de teus carinhos.
Inundar-me em teus canais.
Trazer-te junto a mim, pela mão.
Caminhar errante por sua profunda beleza.
Mesclar-me na luz de teu amor.
Perder-me em gritos abafados de prazer.
Apertar sua mão contra minha em pleno êxtase.
Balbuciar palavras sem sentido e de profundo carinho.
Fechar os olhos e sentir o mundo em pleno sentido.
Rir sem qualquer motivo relevante ou aparente.
E ao final; trôpego, cambaliante e débil; apenas dizer-te: “Amo-te!!”

Lembranças

André Caixeta Colen

Lembranças são coisas estranhas,
às vezes confundida com saudade.
A lembrança, talvez, seja um tipo de saudade.
Saudade desnuda da dor, da tristeza ou da alegria.

Lembranças são das mais diversas:
lembranças da infância,
lembranças de adolescências,
e lembranças de amores.

E quando me perguntares:
“Do que te lembras dela?”
direi que lembro dos olhos brilhantes;
do sorriso rasgo;
das conversas infindas.

Lembrarei das enquetes na praça,
do violão tocado na noite chuvosa.
Hei, sempre, de lembrar do carinho suave,
do beijo ardente, dos lábios loucos,
de quando eu era o seu senhor da noite.

Lembrar-me-ei das noites que vivemos,
da trama de corpos,
dos suspiros descompassados,
da insanidade amorosa.

Mas até estas serão colocadas na prateleira da memória.
Acumularam o pó dos tempos.
Será transpassado pelas traças de novas lembranças.
E, aí, o que era saudade, virará lembrança, e, esta, esquecimento.

Talvez, ao final, fique aquele sorriso,
um olhar perdido no tempo.
Talvez uma leve brisa passe pelos cabelos
e eu a resgate no vento, a lembrança de teus carinhos.

Talvez, somente talvez...

Fênix

André Caixeta Colen

Em sombras do que sou navego.
Analiso-me.
Perpasso o que fui
e avanço, cego e oco, ao que serei.

Com sabor travoso na boca
o sangue, paixão e raiva se misturam.
Minhas mãos
Deixo-nas caírem
no poço espelhado em mim.

Espero o tempo que furta os pensamentos
espero que ele desvie-me de tua rota
e salve-me desta doença de te querer.

Ardo em dor e queimo-me de saudades.
Mas renasço do que sou
como o poço que volta dar água.

Insanidade

André Caixeta Colen

Na leveza esculpida
jaz talhada a imagem d’antes inexistente
mostra sua inteireza de contornos
que se despontam do mar de caos.
Permanece estática a imagem,
fito suas nuances.
Gravo na minha mente cada detalhe.
Pasmado torno-me submisso à sua beleza.
Sinto a pequenez da minha existência.
Diante a pluma dos detalhes,
na dureza do mármore,
na frieza da pedra,
mas no calor dos sentimentos,
ora despertos,
me apaixono e me entrego.
Sou carne, ela mineral.

Memórias

André Caixeta Colen

E novamente parei-me ali.
Mirei atentamente a sacada
como antes, mil vezes antes.

Ponto roto pela vida
pelas situações e pelos desencontros
O tempo parecia correr além do meu alcance
e ao mesmo tempo parecia parar diante da sacada.

Lembrar daquele olhar, daqueles sorrisos
era lembrar de mim mesmo,
da juventude inconseqüente,
da paixão julgada eterna.

Naquela sacada tive teu beijo,
vindiquei teu coração
tendo a lua por testemunha
que acordava brilhante na noite escura.

Estava ali parado
diante daquela sacada.
Ali amei-te, nada mais,
mas aconteceu a vida.

Senti então a lágrima brotar
Escorrer pela face
tendo a nossa lua, novamente, por testemunha.

Abaixei a cabeça,
esbocei o sorriso da ironia,
continuei meu caminho.

Marinha

André Caixeta Colen

Segue o navio e com ele o marinha,
rastro arcado em nuvens d’águas.
Deixa marcado a espuma das lembranças,
inexoravelmente perfaz a linha.
Larga aos mares as saudades das partidas,
vai a busca das aventuras de novas descobertas,
turbilhona as névoas de amores com suas hélices,
desloca sabores dos beijos,
ascende a chama da vontade de retorno.
Mas se faz preciso ser navio, ser marinha.
Sê-los é nunca parar .
É sempre cumprir o arco
vez ou outra,
contudo
voltar ao porto dos amantes.
Até que deixe de ser navio
ser marinha
e seja, apenas, amor.

O fim

André Caixeta Colen

A dor do sorriso forçado;
As lágrimas que escorrem da alma.
Sentimento vil da perda, arrebata-me.
Olhos inchados pelo não amanhã.

Deixei de ser o que era.
Deixamos de ser o que seríamos.
Foste a mais bela das primaveras,
Foste o mais frio dos invernos em minha vida.

Nas palavras de silêncio
grito uma dor contida;
Sinto o amargo de fim no coração;
Um gosto acre de nunca mais em mim.

Vontade de gritar em choro
Enxovalhar-te em raiva;
Abraçar-te, beijar-te
Amar-te, mas não.

Só mais uma vez

André Caixeta Colen

Nesta solidão escolhida
Desejar-te faz presente
Arde em fogo crepitante
desejo,
paixão.
Farejo-te
sou lobo nas estepes.
Procuro-te na memória
Ardo de prazer,
Fogo em desatino
Ardência enlouquecida
Sinto teu corpo
teus lábios.
Mãos a percorrer tua geografia
Sinto seus montes,
planícies e grutas.
Sou demônio em teu corpo
Possuo-te,
mordo-te,
cheiro-te
beijo-te.
Seu corpo suado
Meu corpo rígio
Um só corpo, amantes.
Persisto delirando
solitário
vagante
Nasce o dia
o sol furta tua presença.
E mais uma vez
Eu, só
Sem você em nossa cama.

Inalienável direito

André Caixeta Colen

Deveria ser regra universal:
“Ao menos uma vez na vida
será conferido a todo Homem
o direito de adormecer
sob a areia da praia
o barulho incessante das ondas
e do manto sagrado do universo.”

Penso ser um direito.
Inalienável
intransferível
intransmutável.

Aquele que ousasse transgredir
não seria punido.
Pior punição, pois, é jamais,
em momento algum,
ter-se dado este direito.

Dormir sob o barulho das ondas
é ouvir a palavra Maior,
é escutar tudo que é mais forte,
tudo que é mais vivo.

É escutar, por fim, as palavras de tudo que simplesmente é.
Perceber que a cada onda,
que cada bolha de espuma a chegar na areia,
ao estourar,
é como se Gaia sussurrasse em nossos ouvidos:

“Dorme filho!!! Amanhã a gente se vê!!!”

BUSCA

André Caixeta Colen

Busquei por ti
Em mares revoltos
em ilhas desertas
em esquinas escuras
nos bares em festa.

Busquei
Sem saber procurar.
Vaguei errante.
Lutei inglória.
Guerreei com feras bestiais.

Busquei
teu amor,
teu carinho,
teu sorriso.
Minha paz.

Busquei tanto
Sem saber o procurado.
Não atingi o que jazia sob sua alcunha
você, amor, ao meu lado.

Na busca perdi
O sempre procurado:
teu amor, carinho,
teu sorriso e minha paz.

AMIZADE

André Caixeta Colen

Amizade não se explica! Sente-se!
Amizade se aninha na alma.
Busca o aconchego do espírito.


Amizade é saber buscar o corpo caído,
o gosto desfeito.
Amizade é enxugar a lágrima que escorre,
soerguer a moral abalada de quem se quer bem.


Amizade não necessita explicação.
Amizade simplesmente vem.
Às vezes na intensidade de um furacão.
Às vezes na brisa tranqüila de dia de verão.


A amizade está nas simples e belas coisas da vida.
Está num sorriso,
numa palavra amiga,
num gesto de desprendimento
ou apenas num olhar.


Amizade poder ser de amantes,
fraterno, paterno, materno e
simplesmente
de amigos.
Mas a amizade tem outras cousas também.
Amizade é aquela “loira”
Sacana e fria,
numa sexta-feira
lá pelas 19 horas.


Amizade é ter de levar o amigo em casa.
Éééééé!!
Aqueeeele amigo!!
Que vive enchendo a “lona”!
Mas até nisso a amizade é boa,
pois, em que pese o aborrecimento do momento,
ficará guardado na memória,
o diverção daquele instante.


Amizades são como pedras preciosas.
Se Achado nos garimpos da vida,
guarde-os perto de ti.


Amizade, amizade mesmo,
não é encontrado todo dia.
Respeite e seja respeitado.
Ame e seja amado.
Nós colhemos o que plantamos.
E se você plantar:
Amor, carinho e ternura.
Com certeza colherá boas amizades.
Feliz ETERNO dia do amigo!!!

Noite amazônica (25 de Junho de 1993)

André Caixeta Colen

Estou agora sentado ao pé do parapará
busco o céu dos meus tempos de menino,
tateio a imensidão por dentre as folhas molhadas.
Sobre o meu corpo pesam o frio metal
a verde indumentária do guerreiro.

Assusta-me pensar que não posso mais sentir.
Sentir qualquer coisa.
Seja asco, raiva
amor, ódio, dor e compaixão.

Percebo, cada vez mais, que aquele menino de outrora,
que buscava nas estrelas do firmamento,
na imensidão do universo,
as respostas inocentes e verdadeiras,
se esconde agora sob o véu da matança,
acompanhado pela sinfonia da mata.

Aquele menino, de olhos dóceis,
de riso fácil, de palavras poucas,
tornou-se um predador adestrado
um ser rastejante.

Aquele menino, forjado homem
agora fareja, no silêncio da noite,
no véu da escuridão,
a presa inadvertida.

Sinto falta daquele menino,
sinto minha falta,
sinto falta do que realmente sou.
falta-me sentir o que mais aqui!?

Descubro então, ao pé do parapará
que ainda posso sentir
largarei meu escudo,
despir-me-ei de minha armadura
e acharei aquele menino de nome Dé.